A Face dos Anjos
Poesias
sem nome
roupas
rasgadas
versos
esquecidos
quase
tudo combina
quase
tudo se parece
a beleza
e a exatidão
a agonia
e o desespero
eu e as
nuvens
ambos sem
forma
sem
nitidez
Não tenho
muitas pretensões
nem
muitos sonhos
estou
preso nos contos de fadas
em que as
crianças
já não
acreditam mais
estou
dentro de cada caixa de fósforos
nas
placas de sinalização
nos
postes
estou
naquele cachorro
revirando
o lixo
naquele
gato em cima do muro
naquele
vidro rachado
estou na
garrafa vazia
na vela
derretida
no vento
que fecha a janela
no filme
perdido
no papel
em branco
as
fórmulas se repetem
as flores
se modificam
a vida
continua
Minhas
aspirações
são
inconstantes como o vento
sou como
a água
a chuva
estou
perdido na minha própria imensidão
na
angústia de meus pensamentos
na
incerteza da minha vida
nos erros
do meu coração
Nota: Percebo,
digitando estes versos finais, que sempre fui existencialista, fato que só fui
descobrir décadas após este poema... como a vida seria mais simples se nós
fôssemos mais simples!
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