terça-feira, 16 de setembro de 2014

O silêncio no olhar que não diz nada



E o silêncio se fez...
severo como só ele sabe ser...
um vazio imenso, um abismo gigantesco
um pedaço de nada
separando o tão, o quase, o tudo...
o que é isso,
que finjo saber,
mas não sei?
que acaso é esse que, leviano,
remexe o tabuleiro?

Uma porta inerte, de maçaneta fria
um corte abrupto, mas nem tanto...
passos suaves de uma dança ensaiada
chata
tola
se soubéssemos...
se pudéssemos...
mas não sabemos, nem podemos...
então,
tantas vezes mais,
dancemos...


Setembro / 2014

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Sobre a saudade...

Nota: Este foi um comentário que fiz na postagem de um amigo, que falava sobre a falta que alguém lhe fazia, de forma melancólica... O comentário foi em prosa, mas como ficou bonito, preocupei-me em guardar... Ao publicar aqui, transformei em verso simplesmente dividindo em parágrafos... E acredito que funcionou bem... um comentário que nasceu poesia, uma prosa que nasceu pra ser verso...


A saudade está, e ponto... 
e está porque um dia foi, 
e se foi, e foi bom pra deixá-la, 
que bom que foi! 
Claro que por vezes dói, 
enquanto a alma se apequenar, 
simplista como só nossa alma humana sabe ser... 

Mas a busca não deveria ser pela "não-saudade", 
mas pelo acalento da saudade 
que representa o mais belo de nós, 
aquilo que nos cativou e nos premiou, 
pelo pouco que fosse, 
com sua presença...

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Além do sal - um pronome mais-que-impessoal


Assim como o ar e o aroma
ou o frio e o medo
as lágrimas embolam na garganta
estranhas, ariscas
sem explicação
sem emoção que as defina,
são algo para além de mim
como as nuvens que se adensam
sem maiores considerações
e assim eles vêm
sedentos pela chama que mal me aquece

Eles...
São sempre eles...
Vãos ou sãos,
são tantos...
iguais  em suas diferenças

Eles, que são eles
e não eu,
não merecem nada de mim
nem meu fracasso,
nem meu sucesso...

Eles?
Ah, eles...
sem emoção que os defina
são, também assim
algo para além de mim...




Abril de 2014

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Diferente e igual


É tudo diferente,
mas é tudo igual
é estranho olhar na lente alheia
e ver somente o reflexo de si próprio
não há refração
rebatemos o que vemos
como tenistas ansiosos
superficiais como a neblina que nos confunde
embotados na imensidão
de nossos grãos de areia virtuais

Quanto mais me esforço
para estar inteiro
mais percebo o quanto
os outros estão fragmentados
e me surge a escolha tácita
de me inteirar
ou ser um deles

Meia hora
meio passo
meio traço
de uma massa só
de tão garantido que tudo é
tudo deixa de ser,
no vazio de um copo cheio de ar
do tudo que é tanto
tanto faz,
se é seu
se é sul
se é lá
se é cá
se é sol
se é só...



21 de Fevereiro de 2014.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Trampolim - uma canção do Moska

Um improviso que me deu muita alegria em fazer... O nome da canção é mais que pertinente, porque demonstra o movimento que este blog significa: um salto no desconhecido. Aqui, trago a forma mais genuína de mim, minha forma de ver o mundo, os relacionamentos, sentimentos... Isto aqui pra mim é um imenso trampolim, onde pulo quase de olhos vendados, sem saber, e nem precisar, o que vem depois. 

Hoje quase sei onde quero ir
então corro menos
aprecio cada passo incerto
pois hoje incerto é tudo que sou
a certeza já não me cabe
tanto quanto não caibo nela...


Trampolim - canção do Moska na minha humilde mas sincera interpretação: 


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Sem título

Nota: Encontrei esse poema no meio de um caderno antigo... Ele vinha com uma data no final, mas não me recordo do momento em que o escrevi, ainda que compreenda e reconheça o sentimento de que trata... Não havia título...

Não tem porque você querer me explicar
eu também estava lá

Eu estava lá
quando começou a ventar,
e você disse que não era pra eu me preocupar
eu estava lá
quando o tempo fechou,
e gritei pra você
que a gente tinha que se abrigar
mas você preferiu me ignorar
agora não adianta querer perceber
querer me escutar
o vento levou tudo o que tinha pra levar

Eu senti o chão tremer
senti aquilo que tinha no ar,
querendo se dissipar
vi o telhado nos descobrir
o vidro trincar
a parede ruir
se a nossa vista vem da mesma janela,
por que só eu consigo enxergar?

Não tem porque você querer me entender
Você também estava lá

26 de Março de 2007.