sábado, 29 de setembro de 2018

Ególatras Anônimos

Não importa o quão na merda eu esteja, eu me levanto e busco, tento fazer o que é preciso ser feito. Apenas porque alguém tem de fazer. 
Eu auxilio a quem posso. Apenas porque eu posso. Porque, afinal, se eu posso, eu não deveria? Omitir-me daquilo que não me gera ganho direto deveria ser mesmo o melhor caminho?
Mas não deixo de imaginar o quanto minha vida, e creio que da maioria, seria melhor se quem pudesse, fizesse. Se quem pudesse ajudar, levantasse e fizesse, apenas porque alguém tem de fazer.
Mas para isso, as pessoas precisariam levantar suas cabeças. Olhar ao seu redor. Perceber. Enxergar outras pessoas. Outras vidas que não giram em torno das suas, vidas que nem sempre tem algo a oferecer em troca da sua atenção, do seu cuidado.  
Mas a posição mais comum no uso dos modernos smartphones, creio eu, está correta: um pouco acima do umbigo, que é para onde todos estão realmente olhando. 
E no fim, tudo isto é uma grande retórica, porque eu não quero realmente ser notado por essas pessoas. Eu quero é não precisar ser notado por elas. Alheio ao arreio que apenas aparelhou aquilo que sempre fomos e sempre seremos: primatas fascinados demais pelo fogo para lamentar o incêndio.

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