quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Em andamento



Curioso como por vezes o mais brilhante sol
se ofusca sob uma pequena e escura nuvem
temos sempre pouco tempo
a cada dia menos espaço
e ainda assim pessoas são fúteis
ocas
sobrevivem à parte de si
ocupando-se umas das outras
preenchendo seus vazios
com vazios alheios

A tristeza hoje me soa irresponsável
temo pelo vazio dela
temo pelo tempo que perco,
sufocado pelo tempo perdido
temo imensamente me tornar um dos outros
os que não são eu, e nem de fato são eles
sinto agarrar minha essência
mas ainda assim sinto não segurá-la
é líquido que em minhas mãos se perde
tal como um lago, não a levo comigo
sinto que terei de ir ao encontro dela

A finitude alheia
denuncia a minha
grita em meu ouvido
feito uma louca desvairada
e eu grito para o vento
pra ver se assim alguém me escuta

Rogo à divindade que muitos nomeiam
e que todos são em parte,
que eu me irrite
que eu me enraiveça
que eu me desaponte
que eu chore
mas que não seja sempre
pelas mesmas coisas

Maio / 2013

Nota: O nome deste é “Em andamento” não por acaso... era o nome do arquivo, pois foi escrito em vários momentos diferentes, e de certa forma aquele nome temporário resumia o que considero a máxima da existência humana: o constante devir que nos torna eternos projetos de nós mesmos...



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