domingo, 24 de fevereiro de 2013

A Face dos Anjos


A Face dos Anjos



Poesias sem nome
roupas rasgadas
versos esquecidos
quase tudo combina
quase tudo se parece
a beleza e a exatidão
a agonia e o desespero
eu e as nuvens
ambos sem forma
sem nitidez


Não tenho muitas pretensões
nem muitos sonhos
estou preso nos contos de fadas
em que as crianças
já não acreditam mais
estou dentro de cada caixa de fósforos
nas placas de sinalização
nos postes
estou naquele cachorro
revirando o lixo
naquele gato em cima do muro
naquele vidro rachado
estou na garrafa vazia
na vela derretida
no vento que fecha a janela
no filme perdido
no papel em branco
as fórmulas se repetem
as flores se modificam
a vida continua


Minhas aspirações
são inconstantes como o vento
sou como a água
a chuva
estou perdido na minha própria imensidão
na angústia de meus pensamentos
na incerteza da minha vida
nos erros do meu coração

Nota: Percebo, digitando estes versos finais, que sempre fui existencialista, fato que só fui descobrir décadas após este poema... como a vida seria mais simples se nós fôssemos mais simples!

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